segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Uma simples volta para casa.

"O futuro é consequência de seu presente."

Voltava de uma cansativa viagem a grande metrópole. Como a noite ainda ia ser longa, decidi ir de ônibus, pois seria muito mais tranquilo, comparado aos trens às loucas 6 horas da tarde.
Não estava acostumada com tudo aquilo. Estação Tiete, lotada de figuras ímpares, de ternos, de mochileiros ou de imigrantes. Aquela música de Maria Rita traduzia toda a sensação que tive. Mas eu era uma simples criatura que apenas assistia aquilo tudo.
Vou para o ônibus, atrasos infinitos. E eu ansiosa para voltar para casa, para curtir a sexta com uma amiga após aquele cansativo dia. Meia-hora andando entre as plataformas 10 e 12, para passar o tempo. Até que finalmente o ônibus chega a plataforma 11 e nossa entrada é liberada.
Realmente fazia tempo que eu não viajava de ônibus. Havia me esquecido como era aconchegante. Por coincidencia, sento-me na poltrona 11. Fui a primeira a me aprontar para passar a viagem inteira numa tranquilidade: música, ok; janela aberta para sentir a fresca brisa de fim de tarde, ok; braço da poltrona sob minha propriedade, ok. Agora era só esperar a acomodação de todos.
Eu viajava sozinha. Portanto, uma poltrona vazia ao meu lado. Quem poderia sentar ali? Será que seria uma pessoa bacana? Será que seriam aqueles chatos que ficam puxando conversa e não nos deixam descansar? Fiquei naquela ansiedade aflitiva.
Até que finalmente, um rapaz senta ao meu lado. Mostrei um tímido sorriso, afinal, iriamos fazer uma viagem de 1 hora. Deveria demonstrar ao mínimo uma simpatia. Ele retribui e acomodou-se. E a viagem iniciou-se.
- E então, bela donzela, qual o seu destino?
"Ai não, ele é daqueles caras chatos que ficam puxando conversa." Refleti.
- Vou para Jundiaí.
- Jura? Eu também. - Disse ele com certo sarcasmo.
Afinal, o ônibus tinha como destino Jundiaí.
- Estou perguntando qual seu destino de vida? Quais são seus planos, suas metas?
- Por que eu deveria lhe contar? Você é um estranho, nem o conheço. - Falei, assustada.
- Somos todos iguais, minha cara. Sou dado as filosofias e as vezes me deparo com uma ausência de futuro. Gostaria de saber se sou o único louco deste mundo.
- Não, você não é. Eu tenho metas, planos, me esforço incessantemente para tentar ter um futuro, porém ele é tão abstrato que não consigo compreende-lo.
Nesse momento, já estava guardando o mp3, me ajeitando na cadeira e me inclinando a saber o que aquela figura estranha me aguardava. Aquela não seria uma viagem em vão.
- Mas e você? Tem algum destino, pelo menos em teoria? - investi.
- Em teoria, vou para Jundiaí. Mas na prática, vou visitar meus pais, que há meses não os vejo.
- Aah. Mas e aquele papo de "ausência de futuro"?
- Nós, jovens, temos o horrível problema de nos preoucuparmos com o futuro. Por que não nos preocupamos com o presente e o aproveitamos da maneira mais intensa?
Olhando para a janela, de modo vago, lembrei dos meus últimos meses.
- Minha amiga estranha, me prometa uma coisa? - pediu ele. - Prometa que pensará mais em seu presente! O futuro será consequencia.
Fiquei sem o que responder. Passei a viagem toda refletindo sobre aquelas palavras daquele estranho rapaz. Logo, chegamos a cidade.
- Adeus, minha cara. Seja feliz. Hoje.
- Adeus. E obrigada.
Ele sorriu, pegou sua bolsa e foi embora.

Infelizmente não são fatos reais, mas simples devaneios de uma menina voltando de São Paulo.

2 comentários:

  1. nossa, que ferinha ! filosofia.. pura e simples. deixa a gente pensando, aew sim. ;D . Adorei !

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  2. Maay!
    Não sabia que escrevia tão bem!
    Saudades das nossas filosofias a beira da ETE. (:
    Adoooorei!

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